A conservação in situ de recursos genéticos é o tipo de conservação realizada nas áreas de ocorrência natural das espécies e uma das mais eficientes, uma vez que as espécies conservadas evoluem nos ecossistemas em que vivem. Normalmente, é realizada em unidades de conservação de proteção integral ou de uso sustentável, por organismos governamentais relacionados à proteção ambiental em diferentes esferas, mas também pode ser feita em reservas indígenas ou em propriedades particulares.

Atualmente, ênfase tem sido dada ao papel desempenhado por povos e comunidades tradicionais na conservação de áreas naturais de livre acesso. Algumas populações denominadas tradicionais desenvolvem atividades relacionadas ao extrativismo vegetal, que incluem a conservação de áreas de ocorrência de espécies e dos recursos genéticos importantes como fonte de alimento e renda. Muitas dessas populações têm a pluriatividade como principal característica do seu perfil. Assim, por exemplo, as marisqueiras realizam a cata de moluscos e crustáceos, a pesca, mas também o extrativismo de frutas nativas e naturalizadas, como cajá, jenipapo, murici, cambuí, entre outras.

Além de povos indígenas, os principais povos e comunidades tradicionais do Nordeste relacionadas ao extrativismo vegetal e à conservação dos recursos naturais são:

• Catadoras de mangaba – Litoral do Nordeste

População tradicional de mulheres reconhecida em Sergipe por decreto estadual, sendo representada no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) pelo Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM). Têm como umas das principais fontes de renda e de sobrevivência, a cata da mangaba, além do extrativismo de outras frutas e de produtos do manguezal.

• Catadores de umbu – Agreste e Sertão do Nordeste

Os catadores de umbu são comunidades constituída por mulheres e homens que sobrevivem do extrativismo da fruta na Caatinga, sobretudo na época de seca.

• Extrativistas de aroeira – Litoral de Sergipe

Comunidades do litoral de Sergipe, principalmente do Baixo São Francisco, que sobrevivem do extrativismo da aroeira-da-praia.

• Extrativistas de carnaúba – Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte

Populações que sobrevivem da extração da cera e da palha da palmeira carnaúba na Caatinga dos estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.

• Folheiros de jaborandi – Piauí e Maranhão

Os extrativistas de jaborandi, importante planta usada como matéria-prima pela indústria farmacêutica, são denominados folheiros e estão presentes nos estados do Pará e Maranhão.

• Fundo e fecho de pasto – Sertão da Bahia

Comunidades do Sertão baiano, mas também em Pernambuco e Piauí, que estão relacionadas à criação de gado e animais de pequeno porte na Caatinga, utilizando a riqueza das pastagens naturais.

• Marisqueiras – Litoral do Nordeste

População tradicional com distribuição ampla no litoral do Nordeste e que sobrevive a partir da divisão de atividades no manguezal (coleta de crustáceos, moluscos e peixes) e no extrativismo de frutas e outras plantas das restingas e tabuleiros costeiros.

• Pequizeiros – Chapada do Araripe, CE

Comunidades extrativistas da Chapada do Araripe, no Ceará, que têm como principal atividade a coleta e utilização do pequi na época da safra.

• Piaçaveiros – Recôncavo Baiano e Sul da Bahia

Comunidades que são caracterizadas pela extração e utilização da fibra da palmeira piaçava para sua sobrevivência. Essas comunidades estão distribuídas pelo litoral da Bahia, principalmente Recôncavo Baiano e Baixo Sul do estado, e também no Amazonas.

• Quebradeiras de coco babaçu – Maranhão e Piauí 

População tradicional presente nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, são responsáveis pela conservação e uso sustentável dos territórios de ocorrência natural da palmeira babaçu. É representada no CNPCT pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB)

• Quebradeiras de licuri – Sertão da Bahia

Comunidades dos Sertão da Bahia caracterizadas pela sobrevivência por meio do extrativismo e utilização da palmeira licuri ou ouricuri, para produção de alimentos, óleo e sabão a partir do seu coquinho.